04 de março de 2020

As adversidades que enfrentaram durante a colonização

 Quando os imigrantes comemoraram tão entusiasticamente a segunda festa, em 1º de junho de 1906, não tiveram a mínima ideia das dificuldades que estavam por vir.

    Quando os imigrantes comemoraram tão entusiasticamente a segunda festa, em 1º de junho de 1906, não tiveram a mínima ideia das dificuldades que estavam por vir. Victor Schleif narrou o fato histórico: “À meia-noite quando todos se despediram, ninguém podia imaginar que esta seria a última festa que ali seria realizada - sim, Neu-Zürich deixaria de existir“.
    Foram duas as grandes situações problemáticas: a aproximação e os ataques dos índios botocudo que até então não haviam dado sinal e a epidemia da malária. Como existiam muitas terras planas, existiam, também, muitas regiões pantanosas, principalmente, onde hoje é o centro da cidade. Tal situação, fora propícia para a proliferação de mosquitos transmissores da doença. Os colonos caíram doentes e não foi possível oferecer-lhes um tratamento médico eficiente. Há informações de que a malária foi introduzida em Neu-Zürich através de trabalhadores que atuaram na construção da Estrada de Ferro entre Blumenau e Hammonia.
    Devido a dificuldades de locomoção, os doentes quase sempre eram tratados com remédios caseiros, ou com remédios fornecidos pela Sociedade Colonizadora Hanseática, sem orientação médica. As mesmas dificuldades manifestaram-se em relação ao tratamento de outras enfermidades ou acidentes que eram frequentes. Registrem-se como acidentes as picadas de cobras, fraturas em decorrência da derrubada da mata e cortes no corpo pelo manuseio incorreto de ferramentas. Incluem-se aqui, também, os partos. Se uma parturiente saísse de Neu-Zürich no início das dores, para ir a Hammonia era muito difícil. O único meio de transporte era a carroça além da travessia do rio com balsa, com certeza, daria à luz no meio do caminho e o médico e a parteira de Hammonia não teriam mais o que fazer.

Não suportando mais tamanho sofrimento, aos poucos, os colonos, antes tão esperançosos, juntaram os seus pertences e migraram para outras zonas de colonização, ou mesmo para outros países, quando havia dinheiro para a compra da passagem. A situação chegou ao extremo no ano de 1909, quando na localidade de Rio dos índios, um único colono ainda estava estabelecido. Era um dos fundadores de Neu-Zürich: Wilhelm Goebel. Sobre Wilhelm Goebel, Victor Schleif escreveu: “Em índios um senhor de nome Wilhelm Goebel era o único colono, embora acometido de febre que lhe impossibilitava trabalhar - e isto durante um ano inteiro - não lhe faltou vontade de deixar aquele lugar, mas com que dinheiro? Vender a propriedade? Para quem? Em 1929, contou o Sr. Goebel, ter ficado contente por ter aguentado, mas relatou que foi obrigado a permanecer, devido a enfermidade e a falta de dinheiro.
    A primeira fase da colonização encerrou-se por volta de 1909. Iniciou-se com a vinda de várias famílias suíças e algumas alemãs, passou por dois anos prósperos, entrou em decadência e quase se extinguiu. Em 1909, encerrou-se, praticamente, a colonização suíça de Neu-Zürich.


A retomada da colonização


    Passado o tempo da evasão de colonos e do desânimo dos que ficaram, abateu-se sobre Neu-Zürich uma relativa estagnação, mas com perspectivas progressistas. A partir do início de 1910, apareceram novos imigrantes e a situação começou a melhorar. Estes colonizadores não vieram diretamente dos países da Europa e sim de outros núcleos coloniais, principalmente da Colônia Brusque.
    Assim, os trabalhos foram retomados e, aos poucos, a mata virgem, principalmente a do centro onde o terreno era plano e alagadiço, deu lugar a clareiras transformadas em roças, pastagens, casas e jardins. Quanto mais as clareiras apareciam, tanto mais o solo ficava exposto ao sol e menos mosquitos se criaram. Assim, a malária diminuiu até o seu completo desaparecimento.
 

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