21 de novembro de 2019

Os primeiros colonizadores

As dificuldades e desafios dos primeiros colonizadores recém chegados em nossa região.

A versão oficial sobre a colonização de Lontras que encontramos a disposição para consulta, inclusive na Internet, (IBGE Cidades) nos diz que os alemães avançaram pelas margens do Rio Itajaí-Açú, chegando a região... o mesmo site ainda nos diz que a colonização de Lontras começou em 1898, sendo que Henrique Schroeder, Ludwig Steffens, Carlos Hager, Rodolfo Danker, Augusto Wolf, Germano Haare, Henrique Christen, entre outros, cooperaram, para o desenvolvimento desta localidade. Esta é a versão oficial, porém, já trouxemos em edições anteriores deste guia, a informação que havia um núcleo colonial no Riachuelo que não foi bem sucedido, segundo consta no livro “A escola Alemã no Alto Vale do Itajaí”, de Ilson Paulo R. Blogoslawski “Entre 1878 e 1879, próximo ao Ribeirão Neisse/ Salto Pilão, no local denominado Riachuelo, fixaram-se 50 famílias lombardas, (oriundos da Lombardia – Itália) que sofreram com a hostilidade do meio ambiente e com a malária. Alguns desses imigrantes foram mortalmente atingidos em um ataque de um grupo de cerca de 100 índios Botocudos.


 A maioria deles também ficou abalada pela falta de alimentos. Por não ter recebido seus salários e nem o auxílio pecuniário do Governo Catarinense, esse grupo de imigrantes italianos encontrava-se na mais efetiva situação de miséria, precisando de ajuda e intervenção das autoridades das colônias mais prósperas.” Aqui, quando se fala em salários, era porque a maioria destes trabalhadores eram pagos para trabalhar na abertura das estradas. O Governo do Estado, na época Hercílio Luz, efetuou o pagamento em 30 de janeiro de 1880 e após isto, os referidos imigrantes são removidos para Indaial. 
Já no livro “Rio do Sul em Imagens” de Catia Dagnoni e Rodrigo Wartha encontramos a seguinte passagem: “Em 1894 a estrada Blumenau-Curitibanos chegou a Lontras, no Alto Vale do Itajaí e a empresa Torrens de Colonização que a mediu e estruturou, fez a transferência de terras para os colonos, o que elevou o seu povoamento, tornando-se então de maior importância nessa região. Por esta via de transporte chegam os colonos”. 
Não é possível ignorar Blumenau, município a quem a colônia pertencia. Na imagem ao lado, podemos ter uma ideia do tamanho que tinha a colônia de Blumenau até 1930: 10.610 km². Em 1931 foi desmembrado o município de Rio do Sul, onde até então Lontras fazia parte, na época subtraiu 3.161 km² e, em 1934 Ibirama, Indaial, Gaspar e Timbó. 


Hoje o município de Blumenau possui 520 km², depois de mais alguns desmembramentos. Mesmo após o desmembramento, a cidade de Blumenau continuou a exercer importância para os habitantes do Alto-Vale, pois para lá ia e vinha o trem, lá se compravam produtos que não haviam por aqui e lá se vendia o excedente da produção. De lá, também vinham novos imigrantes e, por lá, outros deixavam a colônia depois da decisão de regressar, por não terem conseguido adaptar-se às condições impostas pela natureza inóspita.


Nomes de algumas localidades


    Em pesquisas recentes e conversas com a Historiadora Sueli Petry, do arquivo histórico de Blumenau, não conseguimos identificar quem colocou o nome de Lontras para esta localidade, mas sabe-se que este nome foi atribuido antes da chegada dos primeiros colonizadores. É possível que o nome de Lontras tenha sido atribuido pelo Sr. Emil Odebrecht que foi o agrimensor responsável por abrir o “Picadão” que mais tarde se tornou a estrada Blumenau-Curitibanos, assim como é quase certo que ele tenha atribuído o nome de “Riachuelo” para esta localidade de Lontras, em homenagem a uma das mais importantes batalhas navais da Guerra do Paraguai, já que Emil foi um “voluntário da pátria” nesta guerra em 1865 e a partir de 1867, Emil esteve à frente dos trabalhos nestas terras, fazendo a demarcação dos lotes colônias. (continuamos pesquisando este assunto e assim que tivermos dados mais concretos, iremos publicar).
O que temos de concreto é que, em 3 de setembro de 1905, veio para o Alto vale o Sr. Willy Hering , que obteve a concessão para abrir picadas e construir estradas no Ribeirão Cobras e no Vale do Ribeirão das Lontras, e recebe em troca uma granda área de terras, que após estas áreas serem demarcadas, recebem o nome de Donna Paula, Donna Lúcia e Fazenda Verônica, em homenagem as filhas de Willy Hering, segundo consta no livro “A escola Alemã no Alto Vale do Itajaí”.
Registros fotográficos de Lontras desta época são raros, mas pesquisando em alguns livros e principalmente com a colaboração de moradores mais antigos e até em grupos de compartilhamento de informações na internet, conseguimos fotos e relatos preciosos, que iremos publicar neste espaço a partir de agora.


O grande desafio


Após a abertura e manutenção da estrada de rodagem Blumenau-Curitibanos, o grande desafio foi a construção do prolongamento da estrada de ferro, no trecho Subida-Lontras, obra iniciada em 1923 e inaugurada em caráter provisório em abril de 1929.
A estrutura da ponte é da Stahlunion e veio de Dortmund - Alemanha. É a ponte mais alta existente na serra de Subida, com 27 metros até o ribeirão. O vão é de 50 metros e em curva. A partir de 1924, quando o trem chegou em Subida, o transporte de passageiros e encomendas do correio era feito pelo veículo da foto abaixo, que transitava em Lontras levando os passageiros e as encomendas de Rio do Sul até a Subida. 
Notem que os homens estão descalços, os modelos das calças, o revólver na cinta e a bolsinha à tiracolo típica dos cobradores, que na época eram chamados de condutores. As calças e os pés descalços eram próprios pra tirar a “Van” dos inúmeros atoleiros. Este transporte ocorreu até 1933 quando o trem chegou em Rio do Sul.

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